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Culto Segundo À Escritura

Atualizado: 26 de fev. de 2020


O CULTO CRISTÃO É SIMPLES.


Hoje vemos tantas coisas acontecendo nos cultos que muitos denominam de “avivamento” e “manifestação do Espírito”, práticas que nos deixam mais confusos do que edificados. Por isso, o meu objetivo é explicar com base na Escritura como deve ser um culto cristão hoje.


O DIA DO CULTO


Ao examinarmos a Escritura vamos descobrir que a igreja se reunia diariamente em oração (At. 1.14), porém o dia de adoração tornou-se o dia do Senhor (dia da ressurreição), isto é, o domingo (At. 20.7). Fica também subtendido que a igreja de Corinto se reunia no domingo, uma vez que a mesma deveria separar suas doações neste dia (1 Co. 16.1,2).


A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã nos informa que: “Embora os cristãos se reunissem diariamente para as orações, a comunhão, a pregação e o ensino (At. 2.46; 5.42), o dia principal para os cultos de adoração na Igreja foi mudado do sábado judaico para o primeiro dia da semana, quase desde o início, porque era o dia da Ressurreição”.

O Didaquê diz: “Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro (Capítulo 14.1).


O LOCAL DO CULTO


A igreja se reunia no templo (At. 2.47), nos lares (At. 2.47; 16.15, 34,40; Cl. 4.15,16; Fm. 2; Rm. 16.5) e em lugares públicos (At. 20.20).


O CULTO DA IGREJA PRIMITIVA.


Os cultos da igreja primitiva eram simples.


O Novo Dicionário da Bíblia registra o seguinte sobre o culto da igreja cristã: “Finalmente a “adoração” se tornou uma verdadeira ‘avodah ou latreia, um serviço prestado a Deus não somente em termos a adoração no templo, mas também em termos de serviço prestado aos próprios semelhantes (Lc. 10.25; Mt. 5.23; Jo. 4.20-24; Tg. 1.27) [...] Simplicidade certamente era a nota marcante dos cultos de adoração de casa em casa, consistindo em sua maior parte de louvor (Ef. 5.19; Cl. 3.16), orações, leitura das Escrituras e exposição. Na congregação do Corinto ouve-se falar de “línguas” (1 Co. 14). A festa de amor (ágape), seguida pela ceia do Senhor (1 Co. 11.23-28), eram igualmente características comuns da adoração cristã. Mas em todas as atividades a ênfase recaia sobre o Espírito, bem como sobre o amor e a devoção íntimos, no coração”. (O Novo Dicionário da Bíblia – Editor Vida Nova).


A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã ao tratar deste assunto diz: “A igreja cristã, desde seus primórdios, tem se reunido regularmente para a adoração coletiva. Os atos de adoração mais básicos na igreja primitiva – a leitura e a exposição das Escrituras; as orações; o entoar de salmos, hinos e cânticos espirituais; e a observância dos sacramentos – todos derivam do exemplo e do mandamento do próprio Jesus. Jesus, no entanto, não deu origem a estas práticas, excetuando-se a celebração da Ceia do Senhor. Foram derivadas do culto nas sinagogas dos judeus”. (Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã – Editora Vida Nova).


De acordo com o Dicionário do Novo Testamento - Editora Vida Nova, “... a cena retratada em (At. 20.7-12) de fato desempenhou um papel mais determinante na evolução do culto cristão, a saber, estabeleceu o padrão da forma dúplice de liturgia – a pregação e o partir do pão...”.


Ao lermos o texto de (At. 20.7-12) duas coisas destacam-se naquela reunião: O partir do pão (At. 20.7) e a pregação da Palavra de Deus (At. 20.7,9,11).

Como podemos ver, o culto é simples.


O PROPÓSITO DO CULTO


O culto era realizado com o propósito de adorar a Deus.


A Escritura nos revela que igreja louvava a Deus (At. 2.47) e foi instruída pelos apóstolos a cantar louvores e dar graças a Deus continuamente com gratidão (Cl. 3.16,17; Ef. 5.19; 1 Ts. 5.18; Tg. 5.13).


A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã informa que: “A igreja de Jesus Cristo é, por definição, uma comunidade de adoração que Deus chamou à existência para ser ‘casa espiritual... sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo’”.


O culto era realizado também com o propósito de edificar a igreja.


Paulo recomendou a igreja a usar principalmente o dom de profecia porque edifica a igreja (1 Co. 14.1-5), ordenou a igreja a procurar dons que edificam a igreja (1 Co. 14.12), e ensinou que tudo tinha que ser feito para a edificação da igreja (1 Co. 14.26).


A ORDEM NO CULTO.


O culto deve ser feito com ordem e decência (1 Co. 14.40).


Paulo apresentou as normas que deveriam ser praticados no culto da igreja para manter a ordem no culto (1 Co. 14.27-32), afirmou que Deus não é Deus de desordem (1 Co. 14.33), e ordenou que tudo deve ser feito com decência e ordem (1 Co. 14.40).

A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã destaca esta questão ao registrar: “O apóstolo Paulo menciona que revelações, o falar em línguas e a interpretação de línguas estavam presentes na congregação que adorava. O exercício destes dons espirituais especiais (carismas) era rigorosamente regulamentado, de modo que o culto pudesse ser conduzido em boa ordem e os crentes fossem edificados (1 Co. 1.40). Desta forma, a livre expressão do Espírito acompanhava as restrições litúrgicas no mesmo culto”.

Culto que não tem ordem não é culto, é bagunça.


OS ELEMENTOS DO CULTO.


Os estudiosos entendem que não foi deixado nas Escrituras uma norma clara do que deveria ter num culto do início ao fim. No entanto, encontramos passagens bíblicas que nos mostram como os cristãos cultuavam e quais forma as instruções que os apóstolos apresentaram com relação a reunião dos cristãos.


Sobre esse assunto o Dicionário Ilustrado da Bíblia registra o seguinte: “Embora o Novo Testamento não instrua os adoradores sobre procedimentos específicos no culto, vários elementos aparecem regulamente nos rituais de adoração da igreja primitiva.


A oração aparentemente tinha destaque na adoração cristã (1 Ts. 5.17)... O louvor, seja por parte de indivíduos, seja através de hinos entoados em conjunto, refletem o uso frequente dos salmos na sinagoga. Além disso, possíveis fragmentos de hinos cristãos aparecem em todo o Novo Testamento (At. 4.24-30; Ef. 5.14; 1 Tm. 3.16; Ap. 4.8,11; 5.9,10,12,13). Estudos bíblicos eram outra parte da adoração da igreja neotestamentária... A profecia, pregação inspirada por pessoas cheias do Espírito Santo, ajudava a edificar a igreja, o corpo de Cristo (1 Co. 14.6). Recolhiam-se contribuições no primeiro dia da semana (1 Co. 16.2). Outros detalhes a respeito dos rituais de adoração dos cristãos primitivos são escassos. Entretanto, esses elementos devem ter feito parte regular dos cultos semanais de adoração”.


Encontramos algumas instruções dos apóstolos que nos dão informações seguras de como o culto deveria ser realizado e o que tinha que ter no culto. Vejamos:


O culto tem que ter pregação e ensino da Palavra de Deus.


A igreja se dedicava ao ensino dos apóstolos (At. 2.42), Paulo se dedicava a pregação e ao ensino nos cultos (At. 20.17-21), orientou Timóteo que presbíteros que trabalham pregando e ensinando a Palavra de Deus merecem salário dobrado (1 Tm. 5.17), e exortou Timóteo a pregar a Palavra de Deus (2 Tm. 4.1-4).


O culto tem que ter comunhão.


A igreja se dedicava à comunhão (At. 2.42), os crentes mantinham-se unidos e tinham tudo em comum (At. 2.44), reuniam-se diariamente no templo (At. 2.46), e partiam o pão em suas casas e participavam juntos das refeições (At. 2.46c).


O culto tem que ter santa ceia.


Os convertidos se dedicavam ao partir do pão (At. 2.42), partiam o pão de casa em casa (At. 2.46), e partiam o pão no domingo (At. 20.7). A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã registra: “... o evento supremo do culto semanal no Dia do Senhor era o sacramento da Ceia do Senhor. Certa fonte primitiva, o Didaquê (c. de 95-150), oferece-nos uma descrição detalhada de como era celebrada a Ceia do Senhor, incluindo as orações a serem feitas, bem como outras orientações e práticas litúrgicas. Eram incluídas formas fixas de orações, mas previam-se na liturgia espaços para a oração livre. A confissão dos pecados era exigida antes da participação na Ceia do Senhor (Didaquê 14.1)”.


O culto tem que ter oração.


Os discípulos de Jesus se reuniam sempre em oração (At. 1.14), os convertidos de dedicavam as orações (At. 2.42), a igreja se reunia para orar intensamente pelos irmãos que sofriam perseguição (At. 12.5), e Paulo ordenou que a igreja orasse por todos os homens e por todas as autoridades governamentais, pois isso agrada a Deus (1 Tm. 2.1-3).


O culto tem que ter louvor.


Os convertidos louvavam a Deus (At. 2.47), Paulo exortou os cristãos a louvarem a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão (Cl. 3.16; Ef. 5.18,19), e o escritor de Hebreus exortou os crentes a oferecerem continuamente um sacrifício de louvor (Hb. 13.15).


O culto tem que ter serviço.


Os convertidos serviam ajudando os necessitados (At. 2.45), Paulo deixou claro que todos os cristãos poderiam usar os seus dons na reunião para a edificação da igreja (1 Co. 14.26), ordenou a igreja a usar os melhores dons em suas reuniões (1 Co. 14.12), exortou os cristãos a exercerem uma função de acordo com o dom recebido (Rm. 12.6-8), Pedro exortou cada cristão a exercer o seu dom que recebeu para servir os outros (1 Pe. 4.10), e Tiago ensinou que os cristãos deveriam cuidar das viúvas e dos órfãos (Tg. 1.27).

Os elementos apresentados acima foram constantes nos cultos dos cristãos primitivos.


A HISTÓRIA DO CULTO DEPOIS DA ÉPOCA DO APÓSTOLOS.


Na época de Justino Mártir o culto tinha duas divisões, a primeira parte abrangia uma adaptação e expansão do culto da sinagoga, de louvor, oração e instrução; e a segunda parte incluía a observância da Ceia do Senhor*.


Na época em que o cristianismo foi declarado a religião oficial do Império Romano, em 313, pelo imperador Constantino, as casas foram substituídas por edificações de igrejas esplêndidas e a criação de cultos mais demorados e pitorescos. Os pagãos em grande número aceitaram o cristianismo, influenciaram e introduziram uma ênfase ao “mistério” da Ceia do Senhor, além de transformar a simplicidade do culto começaram a dar importância a forma e a cerimônia; e mudaram radicalmente a Ceia do Senhor na missa romana*.


Na época dos reformadores a preocupação se deu mais com a doutrina do que com as matérias da adoração. A maioria deles não se dedicaram muito a questão da liturgia do culto. Lutero, fez um estilo de culto abreviado da missa romana e posteriormente fez algumas mudanças dando mais importância a Comunhão. Zuínglio eliminou tudo que sugerisse a prática romana no culto, o cântico congregacional e o uso do órgão. Calvino apoiou o cântico congregacional, deu um lugar de importância ao sermão, e sua liturgia tornou-se norma de adoração nas igrejas calvinistas da Europa*.

* Informações extraídas da Enciclopédia Histórica-Teológica da Igreja Cristã.


CONCLUSÃO


O culto bíblico é simples, consiste em pregação e ensino da Palavra de Deus, comunhão, Ceia do Senhor, oração, louvor e o serviço realizado conforme os dons espirituais com decência e ordem para a edificação da igreja.

Simples assim. Nada mais, nada menos. O resto é modismo, mundanismo, sincretismo, judaísmo e paganismo.

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